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GGB pede intervenção do MP junto a hospital por prevaricação e prisão do grupo que tentou matar transexual em Maiquinique.

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Leandro Ferraz (D) e a vitima Natylla Mota Barreto, comerciante local.

Salvador, Bahia, segunda-feira, 17 de outubro de 2016 – Do GGB, ás 12h. O presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, após várias tentativas ontem, conseguiu falar por telefone com Natylla Mota Barreto, 21 anos, comerciaria em Maiquinique, sobre como ela sobreviveu ao ataque transfobico/homofobico. O caso aconteceu no sábado,8, ontem fez oito dias, e não na madrugada de sábado, 15, para domingo, 16, último fim de semana, a notícia circulou por conta de um vídeo que começou circular nas mídias sociais onde aparecia a jovem empresaria agonizado no chão do Hospital Municipal de Maiquinique. Falamos com a vítima por volta das 10h de hoje quando recebia alta do Hospital e seguia até a Delegacia com a finalidade de pegar a guia para exame de perícia. “Hoje eu tirei o dreno que estava em meu pulmão onde tive duas perfurações” disse aliviada e com voz alegre por esta viva depois de ser alvejada por sete perfurações de faça. O Grupo Gay da Bahia exige celeridade na busca e apreensão dos autores do crime que estão em liberdade, inclusive ameaçando a vítima por mensagem e ligações de celulares, intervenção imediata do Ministério Público da Bahia para investigar crime de prevaricação praticado por funcionários, enfermeiras, seguranças e direção do Hospital Municipal de Mairinque

Natylla conta que no dia 8, sábado, por volta das 0h30 saiu com o seu companheiro de prenome Igor, 21 anos, até a Praça William Valadão, onde circulavam de mãos dadas em direção a uma barraca de lanches na qual encomendou dois pastéis e permaneceram no local esperando sair o lanche. De um momento para o outro o casal começou a ser alvejado por latinhas de cerveja e copos, mesmo se afastando da situação as provocações continuaram acrescidas com palavras ofensivas, uma das mulheres teria dito “ Olha lá o viado e o traveco, aqui não é lugar para vocês não, não sei o que vocês estão fazendo aqui” disse uma das mulheres que tirou uma faça de meio porte de dentro da bolsa e partiu para atingir a vítima. Nesse momento o companheiro da trans imobiliza a mulher e acaba recebendo um corte em uma das mãos. Diante da confusão o povo interviu, com a mão sangrando o rapaz partiu rumo ao hospital e segundo Natylla, foi cancelar o lanche e em seguida se dirigiu para acompanhar o seu companheiro, conta. A vítima identificou um dos agressores como   pelo nome de Luciano Ferraz e uma das mulheres identificada como Geane, suposta companheira.

Ntylla revelou que foi justo nesse momento quando ela seguia para acompanhar o seu companheiro que foi cercada pelo bando. “Eu pensei que fosse um assalto, joguei logo a bolsa e o celular no chão” disse e seguiu relatando ainda que o homem acertou uma facada nas minhas costas e ela caiu no chão e sentiu ele colocar um dos pés no seu pescoço e nesse tempo a mulher dava-lhe chutes e um dos chutes acertou o seu olho quase perdendo a visão, outras duas mulheres apareceram uma delas portava uma faça e cortaram o meu cabelo, me batendo e me chamando de viado, que eu iria morrer. Uma dessas mulheres tentou acertar o meu rosto com a faça e eu botei o braço na frente, parece que a faça acabou ferindo ela e assim, ficaram mais violentos ainda.

Fui socorrida perdendo muito sangue por um amigo que me levou até o Hospital Municipal. No Hospital o segurança de prenome Naldo, proibiu o meu acompanhante de poder entrar comigo, mesmo eu estando naquele estado, o segurança ainda trancou o meu marido em uma sala de curativos e ele não podia sair para me socorrer da mulher que me agredia dentro do Hospital sem ninguém fazer nada.

Enquanto eu sangrava caída no chão as enfermeiras, a mulher continuava a bater e o segurança não fazia nada, as enfermeiras diziam que não tinha estrutura para atender e nem médico de plantão, elas ficavam em uma sala e saiam toda hora e me olhava no chão e não faziam anda, eu pedia socorro a todo momento, sequer me colocaram no soro. O motorista da ambulância estava em casa e tive de esperar a boa vontade dele para me levar até Itapetinga. Na ambulância ao invés da enfermeira vir me acompanhado devido ao meu estado de saúde ela foi na frente com o motorista de conversa com o motorista, ainda mandou minha mãe ir todo o caminho me abanando. Em Itapetinga, os médicos disseram que eu sobrevivi por milagre, considerando que perdi sangue por horas seguidas.

O Grupo Gay da Bahia, perguntou se ela conhecia ou tinha algum tipo de relacionamento com os agressores, ela disse que não e que conhecia o casal apenas de vista. Considerando a gravidade da violência sofrida pela vítima, considerando ainda que o crime teve uma motivação odiosa, considerando ainda que a vítima corre perigo de vida, considerando que houve omissão de socorro, obstáculo ao acesso ao serviço público, omissão de socorro o que é qualificado como crime de prevaricação. Considerando a indignação que as imagens divulgadas pelas redes sociais têm provocado as pessoas, somando até hoje mais de 33.435 visualizações no Youtube, considerando o estresse emocional que esse tipo de notícia causa junto aos LGBTs, solicitamos a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia celeridade na busca e apreensão desses elementos que atentaram contra a vida da transexual Atylla Mora. Solicitamos também que o Ministério Público do Estado da Bahia abra denúncia para investigar o suposto crime de prevaricação contra a vida da vítima que agonizava dentro de uma unidade de saúde sem atendimento médico.

É preciso celeridade na apuração de crimes, isso inclui inclusive aplicação de penas alternativas, especialmente para que a sociedade não acabe acreditando que existe uma cultura da impunidade. O Delegado, o Promotor e o Juiz hão de entender que crimes praticados contra LGBTs, negros e mulheres, são muitas vezes motivados por ódio, desse modo, tipificar aspectos da homofobia e transfobia e suas expressões torna-se condição prioritária para o andamento e celeridade dos processos e resposta a sociedade. É preciso a sincronização dos tempos, sendo a Polícia investigando, o Ministério Público com base no Inquérito completo e finalizado apresentando à Justiça garantindo julgamento justo e célere.

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Na imagem a mulher de prenome Geane, continua agredindo a trans dentro da unidade de saúde, sem nenhum tipo de intervenção da segurança.

Veja o vídeo gravado por um celular dentro do Hospital Municipal da cidade.

 

 

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