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Travesti idosa faz campanha para levantar casarão destruído por homofóbicos

 

Salvador, Bahia, sábado, 9 de abril de 2016 – Por MARCELO CERQUEIRA

martinha 60 anos
A travesti Martinha, 60, anos pede ajuda da sociedade e da população em geral para recuperar a sua dignidade perdida quando em 9 de setembro de 2013 dois homens desconhecidos por volta de 1h da madrugada atearam fogo em sua casa localizada na Rua da Poeira n.9, Nazaré/Baixa dos Sapateiros, Centro Histórico de Salvador. O casarão de 280m2, com dois pavimentos funcionava como pensão e na noite do incêndio havia cerca de dez hóspedes, idosos e travestis. De acordo com Martinha, dois homens apareceram na porta e pediram um quarto, ela se sentiu insegura com a postura agressiva dos mesmo, negando-lhes o acesso. Aí tais indivíduos ameaçaram em voz alta “ Não tem vaga, não é viado, vou te mandar um doce!” – uma bomba molotoff, garrafa cheia de gasolina com estopa na boca. O fogo teve inicio na escada de madeira, consumindo todo o assoalho que dividia os andares chegando até o teto. “Eles não aguentam receber um não de uma travesti, por isso se revoltaram”, desabafou Martinha.

 Martinha hoje luta para retomar a sua vida destruída com as chamas de sua casa-pensão, única fonte de renda, resultado de quarenta anos de prostituição no Centro Histórico de Salvador,que para ela funcionava como uma espécie de pensão para a velhice, sonho que acabou em cinzas. Sem teto,hipertensa e diabética, apoiando-se numa bengala, ela vive na penúria graças a um auxilio doença e da ajuda de amigos sensíveis a sua luta pela sobrevivência. “Não é fácil ser uma pessoa como eu, da terceira idade, com a saúde abalada, vivendo da ajuda dos outros, por causa de vagabundos que não respeitas travesti”,!

Martinha nasceu em Salvador no dia 26 de março de 1956, moradora do Maciel Pelourinho, aos 12 anos começou a se prostituir. “Eu não tive outra chance, ia para a escola e era chamado de viadinho, efeminado, um dia não voltei mais lá”. E continua: “Eu via as travestis lindas, e entao decidi que queria ser como elas e a partir dai comecei a tomar hormônios e apareceram os clientes”. Fotos tiradas pelo GGB nos inícios dos 80 comprovam que Martinha foi uma mulher belíssima.

Mesmo diante das dificuldades físicas, financeiras e sociais Martinha considera-se uma “sobrevivente”, referindo que sofreu tortura policial durante a ditadura, foi presa muitas vezes pela extinta Delegacia de Jogos e Costumes, detenções que aconteciam só por andar na rua vestida de mulher. Na custódia da polícia ela e outros gays e travestis eram obrigadas a fazer a faxina da Delegacia e muitas vezes delegados de outras Delegacias mandavam buscar as travestis para fazer faxina de outras unidades.
Para ajudar Martinha podem ser feitas doações em material de construção, dinheiro ou cheque. Também em cimento, laje pré-moldada, telhado, piso, portas, areia, fiação, hidráulica.

Ou então, fazer depósito no site “V aquinha” https://www.vakinha.com.br/buscar-vaquinha?utf8=%E2%9C%93&term=martinha&button=

Contatos
Grupo Gay da Bahia (GGB)
Rua Frei Vicente, 24 – Centro Histórico. Salvador, BA.
Telefones (71) 99989 4748 – 3322 2552 –

 

 

Martinha coletivo 2

Ato contra violência Policial , grupo de travestis,  Terreiro de Jesus, 1985.

Martinha1

Aroldo, Martinha, Mott e Vamburga, foto de 1981

 

 

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