Transição

Como funciona a hormonioterapia para mulheres trans (e travestis) A terapia com hormônios para transição de gênero deve ser feita sempre com acompanhamento profissional. por Maiara Ribeiro https://drauziovarella.uol.com.br/ A hormonioterapia é um dos recursos disponíveis para a transição de gênero de mulheres trans, cujo sexo designado no nascimento foi o masculino, mas que se identificam e se expressam no feminino. O objetivo da terapia hormonal feminizante é promover mudanças corporais que fazem com que a aparência física da pessoa esteja de acordo com sua identidade de gênero, proporcionando maior bem-estar físico, mental e emocional. É muito importante que a hormonioterapia seja feita sob orientação médica, depois de realizada a avaliação e os exames necessários para tal. Os hormônios não devem ser usados por conta própria. Em 2020, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reduziu de 18 para 16 anos a idade mínima para a terapia hormonal. No entanto, a portaria do Ministério da Saúde sobre o processo transexualizador no SUS mantém 18 anos como idade mínima. Início do processo de hormonioterapia A pessoa que deseja dar início à terapia hormonal pode buscar atendimento na atenção primária, normalmente em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) próxima de sua residência. “Caso não seja possível seguir na UBS, a unidade irá encaminhar para um centro especializado. Além disso, profissionais da endocrinologia, ginecologia, urologia e medicina da família e comunidade podem assistir essas pessoas”, explica o dr. Magnus Dias da Silva, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP). Existem serviços de saúde com atendimento voltado às pessoas trans, ligados às secretarias municipais ou estaduais de saúde. Nessas unidades, normalmente uma equipe composta por médico e um profissional de saúde faz uma avaliação, junto a pessoa, de alguns pontos importantes a respeito da terapia hormonal. Segundo Ricardo Barbosa Martins, psicólogo e diretor do Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Tratamento DST/Aids, em São Paulo, a ideia dessa primeira avaliação é entender se o que ela espera de um processo de hormonização é de fato o que a hormonização pode dar. “Às vezes, a pessoa tem uma expectativa muito grande e que o processo pode não atender. Às vezes, ela não sabe que algumas características podem não acontecer e outras podem acontecer e não serem reversíveis ou serem parcialmente reversíveis. Então, é importante a gente ajustar junto com a pessoa as expectativas dentro da necessidade que ela expressa”, explica. Além disso, é preciso saber como a pessoa recebe as alterações corporais, se tem maturidade para o enfrentamento das questões envolvidas no processo e se tem uma retaguarda social de apoio para essas mudanças, pois elas vão além do aspecto físico. “A mudança corporal produz impacto no meio social. É preciso que a pessoa tenha minimamente considerado essas condições. Não é apenas fazer a mudança corporal, porque ela também demanda da pessoa uma certa adaptação a esses processos”, completa Ricardo. Para dar início à hormonioterapia, é necessária ainda a realização de uma série de exames para saber se a pessoa pode fazer uso dos hormônios, se não há nenhum impedimento clínico. Analisados os resultados, e depois também da avaliação inicial e o alinhamento das expectativas, o processo de hormonização pode seguir normalmente. Veja também: Como funciona o SUS para pessoas transexuais Hormônios utilizados No caso da terapia hormonal feminizante, são utilizados hormônios estrógenos que, nas doses adequadas, bloqueiam a produção endógena de testosterona. Se houver dificuldade no bloqueio, também podem ser usados os chamados antiandrógenos. “Eles agem modificando várias partes do nosso corpo que são sensíveis a estes hormônios, ou seja, com uso contínuo a mulher trans desenvolve os caracteres sexuais secundários típicos da puberdade, como o aumento de mamas, a redistribuição de gordura e a redução de pelos”, explica o dr. Magnus. Para os casos de dificuldade no bloqueio da testosterona, existe também o recurso da orquiectomia, que consiste na remoção cirúrgica dos testículos. Nesses casos, geralmente recomenda-se a redução da dosagem hormonal e a terapia passa a ser de reposição hormonal habitual. “Antes da remoção dos testículos, aconselha-se colher esperma e reservar em banco para ser disponível para fertilização in vitro. Com esse procedimento, asseguram-se os direitos reprodutivos da pessoa trans”, afirma o endocrinologista. Os estrógenos podem ser administrados por via oral, transdérmica (aplicação na pele) ou podem ser injetados, enquanto os antiandrógenos podem ser orais ou injetáveis. As alterações físicas normalmente começam a surgir após dois ou três meses de tratamento, e as mudanças no corpo esperadas podem ocorrer em cerca de dois anos. Normalmente, o uso de hormônios é feito por um período prolongado. “No entanto, medidas não hormonais depois dos 55 anos na mulher trans são mais seguras e hoje são mais recomendadas”, diz o médico. Cada caso deve ser avaliado de maneira individualizada, levando-se em conta os riscos e histórico de saúde da pessoa. Veja também: Cuidados ginecológicos para pessoas LGBTQIA + Acompanhamento médico Os hormônios podem oferecer riscos à saúde quando usados de maneira irregular, em doses muito altas ou sem o acompanhamento clínico, que é essencial. Segundo o médico, com o acompanhamento, os efeitos colaterais geralmente são administráveis e pode ser recomendada troca de hormônio, mudança na dose, no intervalo de uso ou via de administração. “Esses efeitos adversos são preveníveis e, com ajuda de endocrinologistas, outros esquemas podem ser propostos com mais segurança”, afirma. Sem a assistência e a orientação médica necessária, a pessoa pode não atingir as modificações físicas esperadas, não ter o controle de eventuais efeitos colaterais, e ter risco aumentado para surgimento de problemas como acidentes cardiovasculares e tromboembolismo (condição que inclui quadros de trombose e embolia pulmonar) devido ao uso de determinadas formulações hormonais. O acompanhamento ambulatorial deve ser feito de forma individualizada, mas, em geral, os retornos acontecem a cada 4 ou 6 meses, se tudo estiver correndo dentro do esperado. “Pode ocorrer antes, por razões clínicas específicas, como para seguir eventual descontrole da gordura no sangue (dislipidemia), da concentração de hemoglobina (eritrocitose), ou devido a alteração da pressão arterial, labilidade de humor, ansiedade e quadros depressivos, por exemplo”,
Gay Pride Nova Iorque em Junho

Junho- 30 de junho de 2024 Fotos Gay Pride Nova Iorque Desfile: Junho 30, 2024 @ 12:00 pm Início: 25th Street & 5th AveFim: 16th Street & 7th Ave Gay Pride Nova Iorque começa em 78 dias! Explore um mundo mais acolhedo Sobre Gay Pride Nova Iorque O Orgulho de Nova Iorque está entre os maiores e melhores eventos de orgulho gay do mundo, como aliás não poderia deixar de ser pois estamos a falar da Grande Maçã. O primeiro Encontro de Orgulho de Nova Iorque ocorreu um mês após os Confrontos de Stonewall em junho de 1969, que deu origem ao moderno Movimento dos Direitos Gays. Cerca de 500 pessoas juntaram-se demonstração do “Poder Gay” em Washington Square Park, seguida de uma vigília à luz das velas em Sheridan Square. O Orgulho de Nova Iorque tem honrado esta tradição organizando o evento em várias localizações pela cidade. A Marcha passa pelo local da Stonewall Inn em Christopher Street, localização dos distúrbios de Stonewall de junho de 1969. Atualmente, o Orgulho de Nova Iorque rivaliza com o Desfile de Orgulho Gay de São Paulo e com o Orgulho de Madrid pelo título de maior desfile de orgulho do mundo, atraindo todos os anos em junho milhares de participantes e milhões de espetadores. Todos os anos têm lugar uma série de festas e celebrações por toda a cidade que preparam o terreno para o grande Desfile de Orgulho, que acontece no final de junho. Apesar do desfile principal ocorrer no coração de Manhattan, os eventos de orgulho muitas vezes distribuem-se por outras zonas da cidade, como Brooklyn e Staten Island. Programa de Gay Pride Nova Iorque Para obteres todos os detalhes sobre o NYC Pride 2024, não te esqueças de consultar o programa oficial do evento. Feliz Orgulho! Fotos de Gay Pride Nova Iorque
MuSex: coleção particular mostra fenômenos da vida sexual no mundo

Pela primeira vez no Brasil é aberto um MUSEU DA SEXUALIDADE – que pretende mostrar um conjunto de fenômenos da vida sexual e da sexualidade no mundo. Situado provisoriamente na Sede do Grupo Gay da Bahia, inaugurado dia 2 de setembro de l998, constando de rico acervo de peças provenientes de diversas culturas e de material incluindo cerâmica, porcelana, mármore, vidro, fibra, acrílico, madeira, tecido, incluindo esculturas, desenhos, objetos utilitários. Trata-se de uma iniciativa do bacharel em História, Marcelo Cerqueira, curador do Museu, com assessoria do Professor Luiz Mott, mestre em etnografia pela Sorbone de Paris e Titular do Departamento de Antropologia da UFBa. A idéia inicial do museu surgiu a partir da coleta de cerâmicas artesanais realizada nas feiras nordestinas, representando cenas de erotismo ou representações de nudez. A partir desta coleta inicial, foram adquiridas novas peças em outros estados e diferentes países. Existem museus do gênero notadamente na Europa – sendo os mais famosos World Museum of Erotic Art de Amsterdam, Erotic Art Museum de Hamburg, Museum Erotica de Stockolm, Museu da Sexualidade de Copenhagen, além dos museus eróticos de Barcelona, Paris, Berlim, etc. Um dos mais célebres e antigos é o Gabinete Secreto de Nápolis, parte do Museu Arqueológico local, que reúne fantástica coleção arqueológica de arte erótica proveniente de Herculano e Pompéia. Inspiração e linha teórica do acervo O acervo do Museu da Sexualidade da Bahia consta atualmente com mais de 500 peças, parte delas já catalogadas por especialista na área. A linha filosófica do Museu busca a sua inspiração no Erótico, ou melhor nos temas relativos ao amor. Inspirado pelo amor; que tem o caráter de lirismo amoroso, inspirado ou provocado pelo erotismo, delírio erótico, sensual ou mesmo lascivo. A maior parte destas peças são vendidas em feiras populares ou lojas do gênero, material portanto destinado ao grande público, e que apesar do caráter explícito e às vezes exagerado das representações sexuais, nem por isto tem sua exposição e venda proibidas ou censuradas pelos órgãos de segurança – razão pela qual o Museu da Sexualidade não tem porque temer qualquer tipo de repressão policialesca. Acresce-se ainda o fato que o Museu da Sexualidade tem finalidade pedagógica, estimulando a discussão aberta sobre a sexualidade humana e a cultura sexual popular, com vistas a tornar mais eficaz a prevenção da Aids e Doenças Sexualmente Transmissíveis através da realização de oficinas de sexo seguro (safer sex) e palestras sobre educação sexual. Tais são, portanto os objetivos do Museu da Sexualidade. Segundo especialistas em cerâmica popular, muitas das peças artesanais hoje catalogadas como “eróticas”, eram simplesmente representações de cenas da vida cotidiana ou, no caso das esculturas de pênis e cenas de cópula, algumas vezes continham significação ritual ou propiciatória, uma espécie de “ex-votos” visando a fertilidade dos seres humanos ou agradecendo a proteção divina às funções genitais. É o caso dos Exus da Bahia, representados com enormes pênis. O Museu da Sexualidade pretende intercambiar peças com outros museus congêneres internacionais – coletando para tanto peças diretamente nos locais de origem onde são confeccionadas ou em feiras regionais. Confira algumas peças!
PrEP: quem mais acessa são homens gays, brancos com maior grau de escolaridade

A PrEP é a profilaxia pré-exposição ao HIV, que prepara seu corpo para evitar a infecção por esse vírus. Uma das formas de se prevenir contra o HIV é fazendo uso da PrEP, a Profilaxia Pré-Exposição. Com o objetivo de aumentar a adesão a essa prevenção, o Ministério da Saúde prevê ampliar a prescrição em até 300% até 2027. A meta da atual gestão é expandir a oferta em uma escala inédita. Em 2022, até o mês de junho, 70,3 mil pessoas usaram a PrEP. Neste ano, somente no primeiro semestre, com a retomada das ações de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), esse número saltou para 88,6 mil, representando um aumento de 20,6%. A Profilaxia Pré-Exposição consiste em tomar comprimidos antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. A pessoa em PrEP realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis. Entre os avanços conquistados no primeiro semestre de 2023 está a disponibilização da profilaxia nos ambulatórios que acompanham a saúde de pessoas trans. Em todos os estados há postos ofertando a PrEP. São 770 no total. De acordo com o diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Draurio Barreira, esse é apenas o começo. “Da mesma forma que temos preservativos nas unidades básicas de saúde, queremos que a profilaxia também esteja disponível para quem quiser”, explica, ressaltando a importância da prevenção. “Para algumas doenças ou você tem vacinas ou você tem medicamentos. No caso do HIV, quando a elevação da carga viral fica indetectável, a pessoa não transmite algo que não tem na corrente sanguínea. Então a PrEP tornou-se absoluta prioridade em termos de prevenção”, complementa o diretor. Como medida de prevenção de urgência para ser utilizada em situação de risco à infecção pelo HIV, também existe a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que consiste no uso de medicamentos ou imunobiológicos para reduzir o risco de adquirir a infecção. A PEP deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio, como violência sexual, relação sexual desprotegida ou acidente ocupacional. Com o intuito de apresentar análises sobre a PrEP e o perfil das pessoas que utilizam a PEP no Brasil, o Ministério da Saúde divulgou o Relatório de Monitoramento de PrEP e PEP ao HIV . A publicação é fundamental para apoiar gestores na ampliação do acesso às profilaxias e contribuir, efetivamente, para a resposta brasileira ao HIV. A proximidade com estados e municípios para ampliação dessas ações é extremamente necessária, segundo a médica responsável pelas ações de HIV da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Maria Clara Gianna. “Discutir a PrEP de uma maneira horizontal ajuda a diminuir a desigualdade. Hoje temos a profilaxia mais colocada nas regiões Sul e Sudeste, mas vamos levar essa discussão de forma equivalente para todo o país”, defende. De acordo com os estudos, atualmente, quem mais acessa a PrEP são homens brancos, que fazem sexo com homens, e que atingem maior grau de escolaridade. Nesse contexto, o Ministério da Saúde vem realizando um trabalho de reaproximação dos movimentos sociais, como explica Gianna. “São a nossa razão de existir [quem vive com HIV ou aids]. Essas pessoas precisam estar envolvidas na formação das políticas públicas. É uma forma de levar informação sobre a PrEP para as populações em situação de vulnerabilidade social. É necessário incluir a população negra, periférica e, cada vez mais, estabelecer medidas de inclusão”, sustenta a médica. A PrEP e a PEP também podem ser prescritas por farmacêuticos e enfermeiros. “Estamos ampliando muito o acesso. Queremos que os medicamentos, que já estão disponíveis no SUS, cheguem a quem necessita. Queremos que todos tenham informação, afinal, o fornecimento não é uma dificuldade. Eles já estão aí. A disponibilidade nada mais é do que uma estratégia de prevenção”, conclui Gianna. O Ministério da Saúde reforça que a PrEP só é indicada após testagem da pessoa para o HIV, uma vez que é contraindicada para usuários infectados pelo vírus. Nesses casos, a profilaxia pode causar resistência ao tratamento. Por essa razão, as pessoas que já vivem com o vírus não serão submetidas à profilaxia, mas encaminhadas para tratamento imediato. Além disso, a PrEP deve ser considerada uma estratégia adicional dentro de um conjunto de ações preventivas, denominadas “prevenção combinada”, como forma de potencializar a proteção contra o HIV. A prevenção combinada inclui testagem regular, PEP, teste durante o pré-natal e tratamento da gestante que vive com o vírus, redução de danos para uso de drogas, testagem e tratamento de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) e das hepatites virais, uso de preservativo externo e interno, além de tratamento para todas as pessoas. O diagnóstico da infecção pelo HIV pode ser feito por meio da testagem rápida. O SUS disponibiliza exames laboratoriais e testes rápidos, que detectam os anticorpos contra o HIV em cerca de 30 minutos. O tratamento também é acessível e fundamental para garantir a qualidade de vida de pessoas que vivem com HIV/aids. “Para algumas doenças ou você tem vacinas ou você tem medicamentos. No caso do HIV, quando a elevação da carga viral fica indetectável, a pessoa não transmite algo que não tem na corrente sanguínea. Então a PrEP tornou-se absoluta prioridade em termos de prevenção” Como medida de prevenção de urgência para ser utilizada em situação de risco à infecção pelo HIV, também existe a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que consiste no uso de medicamentos ou imunobiológicos para reduzir o risco de adquirir a infecção. A PEP deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio, como violência sexual, relação sexual desprotegida ou acidente ocupacional
Enredo da Tuiuti em 2025 destacará Xica Manicongo, 1ª travesti do país

Comissão de frente Paraiso Tuiuti, 2018 Da Agência Brasil – O Grêmio Recreativo Escola de samba Paraíso do Tuiuti definiu seu enredo para o próximo ano. A agremiação do Morro do Tuiuti, no bairro de São Cristóvão, na zona norte do Rio, levará para o carnaval carioca um desfile que destacará a história de Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil. O tema será desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos. “No dia do nosso aniversário de 72 anos, quem ganha o presente são vocês! Vamos fazer história juntos! Quem tem medo de Xica Manincongo? é o título do enredo do Paraíso do Tuiuti para o Carnaval 2025″, publicou a agremiação em suas redes sociais nesta sexta-feira (5). Na postagem, a escola de samba também compartilhou a logo do enredo, assinada pelo designer e ilustrador Antonio Vieira. Nascida no Congo, Xica foi escravizada e levada para Salvador no século 16, onde trabalhou como sapateira. Por não se vestir com trajes voltados para o público masculino, ela foi perseguida e se tornou alvo da Inquisição, tribunal voltado para condenar e punir condutas contrárias aos princípios da fé católica. Para fugir de pena de ser queimada viva em praça pública, ela abdicou de suas roupas e adotou o estilo de vida comum aos homens da época. Sua história ganhou visibilidade a partir dos anos 1990, devido às pesquisas do antropólogo Luiz Mott. Luiz Mott, historiador e fundador do Grupo Gay da Bahia. “O primeiro caso de transfobia registrado nesse país. No fim dos anos de 1500, Xica foi perseguida, humilhada e proibida de expressar sua identidade feminina, sendo obrigada a se vestir de forma diferente da que desejava. Uma violência enorme! Inclusive sob o risco de perder sua vida e ser levada a fogueira caso ousasse seguir vivendo aberta e publicamente como uma pessoa dissidente de gênero. Essa violência de gênero resultou na sua morte em vida, pois ela teve que seguir vivendo sem ser quem era de fato”, registra o texto. O lançamento oficial do enredo ocorrerá nesta noite em uma festa na Cidade do Samba, que terá início às 22h. A previsão é de que a sinopse seja divulgada no dia 13 de maio. Também por meio das redes sociais, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) celebou o anúncio da escola. Em entrevista à Agência Brasil, a presidente da Antra, Keila Simpson, destacou que o enredo da Paraíso do Tuiti joga mais luz em uma personalidade que passou a ter visibilidade há bem pouco tempo no Brasil. “Quando o professor Mott traz essa história, ele falava de um homem gay que se vestia de mulher e a característica que a distinguia era que ela trazia um pano na cabeça. E aí depois algumas travestis pesquisadoras mergulharam a fundo nessa historização e trouxeram novas perspectivas envolvendo questões de identidade de gênero. Até então, ela era Francisco Manicongo. Essas pesquisadoras travestis acharam interessante passar a chamá-la de Xica Manicongo”, explicou. Keila espera que o desfile dialogue com a realidade atual, chamando atenção para as histórias de invisibilidade e de perseguição que ainda são recorrentes na sociedade brasileira. “Tomara que consigam discutir como o legado de Xica Manicongo reverbera hoje. Tem tudo para ser um enredo belíssimo a ser contado sobre uma população que era extremamente violentada naquele período e que ainda hoje infelizmente é violentada”. A deputada federal Erika Hilton (PSOL), primeira negra e trans eleita para ocupar uma cadeira no Congresso brasileiro, também comentou o anúncio da escola de samba. “Xica teve sua história apagada por séculos, e o resgate de sua memória é também o fortalecimento das pessoas LGBTQIA+ perante aqueles que até hoje querem nos ver na fogueira”, escreveu em suas redes. Há outras escolas do Rio que também já escolheram o enredo para o carnaval 2025. A Portela homenageará o cantor e compositor Milton Nascimento. A Unidos da Tijuca apresentará um enredo sobre o orixá Logunedé. Atual vice-campeã, a Imperatriz Leopoldinense contará a história da ida de Oxalá ao reino de Oyó com a intenção de visitar Xangô. Já a Acadêmicos do Grande Rio falará sobre o estado do Pará. Outra agremiação que já decidiu seu enredo é a Beija-Flor, que homenageará o carnavalesco Laíla, que morreu em 2021 em decorrência da covid-19. Edição: Aécio Amado https://oglobo.globo.com/rio/carnaval/noticia/2024/04/05/xica-manicongo-conheca-a-historia-da-primeira-travesti-do-brasil-que-sera-enredo-da-paraiso-do-tuiuti.ghtml
GGB lança Manual para Jovens LGBTQIA+ “ Seja Você Mesmo”

Capa O Grupo Gay da Bahia um manual informativo destinado aos jovens que estão passando pelo o processo de descoberta da sexualidade, a principal orientação aos jovens é “seja você mesmo”. De acordo com o manual, o mundo pode ser um lugar hostil para um jovem adolescente, ainda está atravessando um dos períodos mais desafiadores da sua vida. Em primeiro lugar, seu corpo está mudando mais do que jamais mudará em qualquer outra época. Seus hormônios estão trabalhando duro para transformar seu corpo e podem fazer malabarismos com seu humor. É possível que o jovem se sinta ótimo um dia e totalmente infeliz no outro, sem nenhuma razão aparente. O manual de 66 sessenta e seis (66) páginas apresenta conceitos e definições do tema LGBT+ abordando as orientações sexuais, aspecto que um jovem nessa fase não está habituado a desenvolver, em seguida traz perguntas e respostas a possíveis conflitos que esteja atravessando. A pergunta inicial aborda a descoberta e a incerteza. “É possível que eu seja gay, mas o que vai acontecer se eu não tiver certeza? Resposta Curta: Você saberá quando tiver que saber. Pode ser que isso demore um pouco e não há porque ter pressa. Alguns gays contam que, desde quando eles eram bem jovens – às vezes até com apenas sete ou oitos anos – “sentiam-se diferentes”. É isso mesmo, no tempo certo não há porque ter pressa, usando uma passagem do Evangelho, Disse Jesus “ examinai tudo e escolhei o melhor para si” é bem isso. No fim, o manual apresenta sugestões para roteiro de pesquisa sobre o tema, no cardápio uma relação filmes, seriados e livros. Os interessados podem baixar todo o conteúdo livremente em nossas publicações. Texto original PFLAG. Estados Unidos da América, adaptação Marcelo Cerqueira e edição Karol Guaitolini. https://grupogaydabahia.com.br/category/nossas-publicacoes/
O Globo: ‘Me sinto maravilhoso’, diz paciente curado do HIV com tratamento raro; leia entrevista

Paul Nas últimas quatro décadas, a ciência trilhou um caminho brilhante na lida com o vírus HIV. Em uma via, foram criados testes confiáveis e ágeis. Paralelamente, cientistas conseguiram colocar no mercado — e nos sistemas de saúde — dezenas de medicamentos antirretrovirais, que inibiam a ação do agente infeccioso no organismo, o que permite aos pacientes (que seguem o tratamento com rigor) vivam plenamente e com saúde, longe da síndrome da imunodeficiência adquirida, a aids. Mais recentemente, a medicina se vê diante de uma nova e fantástica revolução: um pequeno grupo de pessoas que apresenta a remissão total, algo próximo da cura, para o contato com o vírus. Entre eles, está o norte-americano Paul Edmonds, de 68 anos, que passou por um dificílimo transplante de células-tronco com material de outra pessoa — que tinha o organismo com uma mutação resistente ao HIV. Transplantado há cinco anos, ele está há três sem tomar os medicamentos antirretrovirais. Quando chegar aos cinco, poderá ser considerado totalmente curado do vírus, que segue sem qualquer sinal de aparecimento em seu organismo até agora. O tratamento, delicado e custoso, só foi possível porque Paul também buscava saída para outra doença séria: o quadro de leucemia mieloide aguda, um tipo de câncer no sangue. Recuperado dos dois problemas de saúde, o artista plástico quer levar ao mundo sua história de esperança. Ao Globo, ele falou sobre como se sente agora, do estigma em relação ao HIV e de sua jornada dentro do City of Hope, um dos maiores centros de tratamento do câncer do mundo, localizado em Los Angeles, nos Estados Unido. Como você está agora? Me sinto maravilhoso. Já faz cinco anos desde que fizemos o transplante, me sinto ótimo. Sou considerado curado para a leucemia e o HIV segue em remissão. Está tudo ótimo. Como é sua rotina? Tem que fazer muitos exames ainda? Vou fazendo um acompanhamento ao longo do caminho. No começo, passava por exames em todas as semanas. Depois para uma vez a cada catorze dias e então uma vez a cada três semanas, uma vez ao mês. Agora faço uma vez a cada seis meses. Em breve, assim espero, será só uma vez ao ano. Tenho que viajar cerca de duas horas para chegar ao hospital e ver o doutor, não é tão fácil. Como reagiu quando recebeu o diagnóstico de HIV? Recebi meu diagnóstico para o vírus HIV e para Aids (a síndrome que causa imunodeficiência após a infecção não tratada pelo vírus) porque minha contagem de células T CD4 estava muito baixa, em 1988. Na época, comecei com o AZT, pois era a única droga disponível naquele ano. Foi bem quando abaixaram a dose do medicamento pela metade, sou grato por terem feito isso. Acho que perdi muitos amigos por conta da toxicidade desse tipo de droga. Mas era um medicamento muito difícil de lidar, as drogas no começo (para HIV) eram muito ruins, os efeitos eram muito severos. Elas começaram a melhorar em 1990. Quando fui diagnosticado com HIV as pessoas costumavam viver somente cerca de 2 anos após descobrir o vírus. Então, eu fui sortudo. E o diagnóstico de leucemia? Eu sempre via meu médico para controlar o HIV, a cada três meses fazia exames. Em junho de 2018, algo parecia errado. O meu médico me encaminhou para um hematologista que identificou que eu tinha síndrome mielodisplásica (um problema relacionado à falência da medula óssea). Nessa época eu morava em São Francisco, mas decidi ir à Los Angeles, para o City of Hope (um hospital e centro de pesquisa clínica). Pouco antes descobri que a síndrome havia evoluído para leucemia mieloide aguda. Poucos depois do diagnóstico começamos a quimioterapia, o que ocorreu entre outubro e janeiro. Em fevereiro de 2019, porém, fizemos o transplante de medula óssea. Acho que por conta do meu diagnóstico de HIV, que convivi por tantos anos, consegui aceitar melhor e estava um pouco mais preparado para lidar com algo assim. Mesmo com a quimioterapia eu me dei bem. Não foi tão ruim quanto eu esperava e nem tão difícil quanto os primeiros medicamentos para HIV. Qual o procedimento de um transplante de células-tronco? É parecido com uma transfusão de sangue. Levou algo como 30 minutos. Não senti nada, sabe? Não fiquei doente, ou algo assim. Eles (os médicos) não sabem como você irá reagir. É bem arriscado, se algo não der certo o seu corpo pode rejeitar. Há problemas que podem até ser fatais. Mas não passei por nada disso. Tive um quadro de doença do enxerto contra hospedeiro (uma complicação comum a transplantes do tipo), algumas aftas e os olhos ficaram um pouco secos, foi apenas isso. Sente o corpo diferente? Meus exames melhoraram muito, tanto a função do fígado e do rim. Eles não estavam péssimos, mas estão ainda melhores. Como foi tomar a decisão de aceitar um procedimento tão inovador e extremo? Você poderia seguir por um caminho mais conservador… Eu não tinha muita opção. Era fazer isso ou não fazer nada e eu provavelmente não iria sobreviver. Foi automático, ao receber a proposta disse “com certeza, vamos nessa”. Além da sua decisão pessoal, seu tratamento oferece uma grande contribuição para a ciência, para a humanidade. Qual é sua sensação sobre isso? Me levou um tempo até entender o que eu represento para muitas pessoas. Tenho participado de conferências sobre HIV, para algumas pessoas (médicos e cientistas) sou um exemplo do que elas estão trabalhando para o que aconteça. Tem sido uma grande experiência. Passarei, inclusive, meu aniversário de 69 anos, no próximo mês de julho, na conferência internacional de HIV em Munique, na Alemanha. Chegou, na sua vida, a lidar com estigma e preconceito por ter sido diagnosticado com o HIV? Me mudei para São Francisco em 1976. Em 1980, as pessoas começaram a ficar doentes e ninguém sabia direito o que estava acontecendo. Chegaram a chamar de “câncer gay”. Aquela foi uma época realmente assustadora, as pessoas tinham medo umas das outras. Foi um tempo
Cartilha – Seja Você Mesmo

Informações para Adolescentes e Jovens Gays
O Museu de Arte da Bahia (MAB) receberá no dia 25 de abril, às 18h, a exibição gratuita do documentário “Cassandra Rios: A Safo de Perdizes”

Cassanda Rios, escritora. Após exibições e debates em espaços culturais de São Paulo, o documentário chega a Salvador, que recebe este importante registro da vida da maior escritora lésbica do Brasil.A sessão do documentário será seguida de bate-papo com a diretora Hannah Korich e mediado pela cineasta Fabiola Aquino. Além da exibição, o público também contará com a venda de títulos literários de escritores LGBTQIA+ da Editora Malagueta.O documentário retrata a trajetória de Cassandra Rios (1932-2002), escritora lésbica mais censurada pela Ditadura Civil-Militar brasileira (1964-1985) sob alegação de pornografia com 36 livros apreendidos, o que levou à sua bancarrota e ao fechamento de sua livraria. Cassandra foi a primeira autora a abordar o lesbianismo de forma aberta na literatura brasileira, tendo começado a publicar em 1948, e a primeira também a falar da mulher como um ser sexual, que tinha desejo. Bestseller absoluta nas décadas de 60 e 70, com mais de um milhão de exemplares vendidos, é autora de títulos como “A Tara”, “Tessa, a Gata”, “Volúpia do Pecado”, “A Paranóica”, entre outros.O projeto conta com o apoio do Museu de Arte da Bahia, site Dois Terços e Mercure Hotel Pituba.ServiçoExibição gratuita do documentário “Cassandra Rios: A Safo de Perdizes”.Data: 25 de abrilHorário: 18hIngresso: Gratuito Fonte: Dois Terços ALGUNS TÍTULOS
Viver LGBT Além (60+)

Diagnóstico do Envelhecimento da População LGBT de Salvador Denise Taynáh Leite (74) e Ana Apocalypse (65): duas mulheres trans que estarão na nova temporada da série premiada do #Colabora LGBT+60. (Fotos: Gab Meinberg) Se você é da turma 60+ e reside em Salvador, esse questionário abaixo é para você, responda rapidinho e suas informações irão ajudar fazer o Diagnóstico do Envelhecimento da População LGBT de Salvador, a meta é duzentas realizar essa pesquisa com amostra de duzentas (200) pessoas. Para acessar o Google Forms, formulário virtual da pesquisa, a pessoa deve estar logada a uma conta de um e-mail pessoal, para começar a responder a pesquisa que leva 5 min, logo terminar de responder aperte opção enviar, é anônimo, sua identidade vai ser preservada. O Diagnóstico do Envelhecimento da População LGBT de Salvador é importante porque o seu produto final vai servir para orientar políticas públicas para a população idosa e idoso de Salvador. O as pessoas estão envelhecendo rapidamente, esse envelhecimento da população em geral e as velhices LGBT é um grande que requer uma reestruturação do Estado com a finalidade de garantir longevidade e velhice com qualidade de vida e bem-estar dos idosos e idosas. Caso você deseje fazer uma visita a nossa sede o nosso endereço: Lad de São Miguel, 24 – Centro Histórico, Salvador, BA. Pode também fazer contato pelo telefone especial celular (71) 9884-0100, ou por e-mail ggbbahia@gmail.com e nossa rede social no instagram @grupogaydabahia Essa pesquisa é uma realização do Grupo Gay da Bahia e Quimbanda Dudu, agradecimento especial ao Diverso da Universidade Federal de Minas Gerais, que em 2021 realizou estudo similar com apoio da Prefeitura de Belo Horizonte. Acesse o questionário abaixo! https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeUe7JO3SFhu-ZJ6OqTsXcxZFoOBgciiwfMZUxW5gbD6wFZPA/viewform