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GGB divulga dados inéditos sobre o envelhecimento

Marcelo Domingos (SE) e Marcelo Cerqueira (BA)

GGB divulga dados inéditos sobre o envelhecimento da população LGBT+ em Salvador

Solidão, discriminação e invisibilidade marcam a velhice de quem resistiu

Envelhecer já é desafiador numa sociedade que cultua a juventude e marginaliza a velhice. Para quem é LGBT+, esse processo é ainda mais doloroso. Ele vem carregado de estigmas, da sensação de não pertencimento, do medo de voltar ao armário em instituições como asilos, hospitais, abrigos. Muitas pessoas idosas LGBT+ escondem quem são para evitar novas violências em ambientes onde deveriam ser acolhidas.

E o mais alarmante: essa invisibilidade também acontece dentro da própria comunidade LGBT+. Há um culto à estética jovem, à performatividade do desejo, à festa que exclui corpos velhos. A velhice LGBT+ raramente é representada em campanhas, mídias ou espaços culturais.

Para marcar o dia 28 de Junho – Dia Internacional do Orgulho Gay -, o Grupo Gay da Bahia (GGB) acaba de divulgar os resultados preliminares da pesquisa “Viver LGBT+ Além (60+): Diagnóstico do Envelhecimento da População LGBT+ de Salvador”, um estudo inédito que lança luz sobre as experiências, desafios e invisibilidades enfrentadas por pessoas LGBT+ acima de 60 anos na capital baiana.

Com um total de 32 pessoas entrevistadas, o levantamento revela um cenário alarmante de solidão, discriminação persistente, fragilidade socioeconômica e abandono institucional. A iniciativa faz parte do esforço do GGB para compreender as especificidades do envelhecimento da população LGBT+ e fortalecer a luta por políticas públicas inclusivas.

Conclusão e recomendações

Precisamos abrir essa conversa. Torná-la pública, urgente, coletiva.
É preciso garantir direitos concretos e dignidade para quem envelhece fora dos padrões heteronormativos.

A pesquisa realizada pelo GGB evidencia que o envelhecimento da população LGBT+ exige respostas urgentes do Estado, das instituições e da própria comunidade. O Brasil envelhece, e os corpos dissidentes também. Mas ainda faltam políticas públicas de acolhimento, saúde integral, moradia, convivência e combate à solidão e à discriminação.

  1. Criar centros de acolhimento e espaços de convivência específicos para pessoas idosas LGBT+, que respeitem suas identidades e garantam segurança, afeto e dignidade;
  2. Implementar políticas públicas específicas para a população idosa LGBT+, com foco em saúde integral, moradia, acessibilidade, combate à solidão e promoção do bem-estar;
  3. Desenvolver políticas públicas intersetoriais, com financiamento garantido, monitoramento contínuo e participação da sociedade civil;
  4. Investir na formação continuada de profissionais da saúde, assistência social e segurança pública, com ênfase no atendimento humanizado e inclusivo às pessoas idosas LGBT+;
  5. Fortalecer campanhas de combate ao etarismo (idadismo) e à LGBTfobia na velhice, tanto na sociedade em geral quanto dentro da própria comunidade LGBT+;
  6. Valorizar a memória da população LGBT+ idosa, reconhecendo suas trajetórias de resistência e garantindo que suas histórias não sejam apagadas.

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