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Desafios e Inovações na Diversidade e Inclusão Corporativa LGBT+

Marcelo Cerqueira, presidente. @marcelocerqueira.oficial

Neste Dia 1º de maio do Trabalhador e da Trabalhadora, é importante ressaltar que a inclusão e diversidade LGBT+ no mundo corporativo têm avançado, mas ainda de forma lenta, desigual e muitas vezes superficial. Grandes corporações, mais do que produzirem belas campanhas publicitárias, precisam agir de forma profunda. A verdadeira inclusão exige romper com a norma binária e promover uma reinvenção estrutural das empresas, implementando políticas que deixem o simbolismo de lado para garantir justiça social e reparação histórica.

A inclusão deve ser encarada como justiça reparatória. Empresas públicas e privadas precisam criar cotas afirmativas, acelerar planos de carreira para pessoas trans, travestis e não bináries e assegurar salários equitativos. São medidas essenciais para corrigir décadas de exclusão e marginalização no mercado de trabalho.

Romper com o binarismo corporativo é urgente. Recursos Humanos devem abandonar práticas excludentes e atualizar formulários, benefícios e espaços físicos para reconhecer identidades não binárias e intersexo. Isso inclui adaptar banheiros, revisar códigos de ética e implementar treinamentos contínuos para combater vieses inconscientes. Também é essencial adotar métodos de recrutamento que considerem não apenas a qualificação formal, mas também a história de vida das pessoas candidatas, especialmente travestis e pessoas trans, cuja trajetória muitas vezes não aparece em currículos tradicionais, mas demonstra resiliência e capacidade de adaptação.

As lideranças LGBT+ também precisam ganhar espaço. É urgente criar programas de desenvolvimento e assegurar diversidade em cargos executivos e conselhos administrativos. Visibilidade e protagonismo são chaves para promover mudanças reais.

O mundo corporativo que queremos não apenas tolera, mas valoriza e promove a diversidade como motor de inovação e justiça social. Já passou da hora de as empresas deixarem de reproduzir desigualdades e se tornarem agentes de transformação.

Um exemplo marcante vem de uma amiga que foi gerente geral da Varig em Salvador. Em uma época sem defesa do consumidor e quase nenhuma norma regulatória, ela enfrentou desafios no RH. As mulheres não queriam se arrumar, maquiar ou cuidar do uniforme, e ela não conseguia contratar funcionários competentes porque o RH enviava quem não correspondia às necessidades. Indignada, foi pessoalmente ao setor e percebeu que alguns currículos excelentes eram descartados com marcas discriminatórias: ‘V’ para gays e ‘G’ para gordos. Ao questionar, ouviu: ‘Esse povo não serve para trabalhar aqui’. Revoltada, ela contratou essas pessoas e viu a equipe se transformar: profissionais dedicados que elevaram o padrão de atendimento e conquistaram até clientes muito exigentes. Esse relato ilustra o potencial e a competência da população LGBT+ quando há oportunidade.

Em Salvador, o Selo da Diversidade LGBT+, coordenado pela Secretaria Municipal da Reparação, é uma iniciativa pioneira que reconhece e estimula empresas comprometidas com a promoção da cidadania LGBT+. A certificação valoriza políticas afirmativas, combate à LGBTfobia institucional e ações concretas de inclusão, consolidando a cidade como referência em diversidade e respeito, está com inscrições abertas.

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