Educação sexual na terceira idade promove saúde, bem-estar e qualidade de vida para os idosos
O Junho Violeta é mais do que um simples mês, representa um chamado à consciência coletiva sobre um problema muitas vezes silencioso e invisível: a violência contra os idosos. Neste mês, campanhas são intensificadas para educar, sensibilizar e mobilizar a sociedade sobre os diversos tipos de abuso que os idosos enfrentam diariamente.
A violência contra os idosos assume várias formas, desde negligência e abandono até abuso físico, psicológico, financeiro e até mesmo sexual. São agressões que violam não apenas os direitos humanos fundamentais, mas também comprometem a dignidade e o bem-estar daqueles que mais deveriam ser respeitados e protegidos.
Muitas vezes, os idosos sofrem em silêncio, seja por medo das consequências, dependência emocional dos agressores ou simples falta de recursos para buscar ajuda.
A pesquisa PNAD Contínua, divulgada pelo IBGE em junho de 2023, revelou um significativo envelhecimento da população brasileira na última década, com o percentual de pessoas com 60 anos ou mais aumentando de 11,3% para 15,1%.
A longevidade é uma conquista a ser celebrada, porém traz consigo desafios únicos, especialmente para aqueles que lidam com condições crônicas de saúde, como o HIV.
De acordo com dados do Boletim Epidemiológico sobre HIV/aids do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2021, foram registrados 12.686 novos casos de HIV na faixa etária a partir dos 60 anos. Neste mesmo período, foram notificados 24.809 casos de aids e 14.773 óbitos relacionados à doença.
Segundo o Unaids, “é importante garantir que as pessoas mais velhas, que ainda mantêm uma vida sexual ativa, tenham acesso às informações e aos métodos combinados de prevenção do HIV.”
“Em termos de orientação sexual para idoso, vale reforçar o uso do preservativo, lembrando que essa geração não tem a cultura de usar preservativo. Na época deles, a camisinha era só para evitar gravidez. Mulheres menopausadas não se veem mais com esse risco, e talvez na cabeça de muitos idosos, o HIV seja algo relacionado à população mais jovem, eles não conseguem perceber o risco ao se expor sexualmente sem nenhuma barreira”, explicou a infectologista Gisele Cristina Gosuen, responsável pelo Ambulatório de HIV e o Envelhecer na Unifesp.
A especialista considera importante oferecer para essa população o leque de possibilidades de prevenção. “Temos além da caminha, a profilaxia pré-exposição (PrEP) para oferecer, mas isso tem que ser orientado, receitado por médico, as medicações podem ter evento adverso e, infelizmente, nem todos os idosos podem utilizá-la, uma vez que uma das medicações pode alterar a função renal e promover a diminuição da densidade mineral óssea.:
Uma outra dica da dra. Gisele diz respeito as pessoas que já vivem com HIV e têm carga viral indetectável. “É importante reforçar a informação de que eles não correm o risco de transmitir o HIV para ninguém, mas que não estão protegidos contra outras ISTs como sífilis, gonorreia, clamídia e HPV.”
Assim como a dr. Gisele, o professor-adjunto da Disciplina de Infectologia da Escola Paulista de Medicina, Paulo Abrão, acredita que o melhor caminho para trabalhar a educação sexual com a população idosa é via prevenção combinada. “Muitas vezes os idosos têm boa atividade com os novos fármacos como sildenafila e tadalafila, mas têm muitas dificuldades para usar preservativos. Logo, sempre é bom lembrar da PrEP. Também, alertar para a possibilidade de outras ISTs e de que deve haver uma avaliação periódica pela equipe de saúde, com consultas e exames. São protocolos de saúde sexual, que vem junto com a prevenção combinada e PrEP, PEP, I=I e risco zero.”
Do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, a médica Zarifa Kroury, disse que além de atenção a prevenção e os idosos, vivendo ou não com HIV, “devem dar atenção aos exercícios físicos regulares, alimentação regrada e manter a vacinação em dia.”
Educação sexual na terceira idade
A educação sobre práticas sexuais seguras e o acesso a testes de HIV regulares são medidas fundamentais para prevenir novas infecções em todas as idades.
A educação sexual na terceira idade promove saúde, bem-estar e qualidade de vida para os idosos.
Muitas vezes, há um estigma em torno da sexualidade nessa fase da vida, o que pode levar a falta de informação e ao isolamento social. No entanto, abordar abertamente questões sexuais com os idosos é fundamental por vários motivos:
Saúde Física: Educar sobre práticas sexuais seguras e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis ajuda a proteger a saúde física dos idosos.
Saúde Mental e Emocional: Discutir sobre sexualidade pode melhorar a autoestima, autoaceitação e o bem-estar emocional dos idosos.
Relacionamentos e Intimidade: Estimular conversas sobre sexualidade pode ajudar os idosos a manterem relacionamentos íntimos saudáveis e satisfatórios.
Informação e Empoderamento: Fornecer informações precisas e baseadas em evidências capacita os idosos a tomar decisões informadas sobre sua saúde sexual.
Redução do Estigma e Isolamento: Desafiar tabus e estigmas relacionados à sexualidade na terceira idade pode reduzir o isolamento social e promover uma maior inclusão e participação na sociedade.
Redação da Agência de Notícias da Aids
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