
Violência Letal contra LGBTQIA+ no Brasil Evidencia Emergência por Políticas Públicas e Resistência da Comunidade
03 de agosto de 2025 — Brasil
O Brasil continua sendo palco de uma grave crise de violência contra a comunidade LGBTQIA+, como demonstram os dados recentes divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). Em julho, vários episódios trágicos reforçaram a vulnerabilidade dessa população e acenderam um alerta para a necessidade urgente de políticas públicas eficazes e ações de conscientização.
Dados Que Alarmam – De acordo com o Dossiê 2024 do GGB, o Brasil lidera as estatísticas globais de mortes violentas contra pessoas LGBTQIA+. Somente no ano passado, foram registrados 291 assassinatos, sendo 117 contra travestis e mulheres trans e cinco contra homens trans. Essas mortes configuram violência letal alimentada por preconceito, transfobia e homofobia, colocando o Brasil no topo dos países mais perigosos para a comunidade LGBTQIA+.
No último mês, casos de destaque evidenciaram esse quadro brutal:
- Uma mulher trans foi encontrada morta em Salvador, reforçando a capital baiana como uma das cidades com os índices mais altos de transfeminicídio.
- Em Bayeux (PB), o assassinato de outra mulher trans reacendeu o debate sobre a recorrência de crimes de ódio no Brasil.
- Uma ativista LGBTQIA+ foi brutalmente atacada em Araras (SP), em uma tentativa de homicídio que chamou a atenção para a constante vulnerabilidade de defensores dos direitos humanos.
Dados preocupantes do GGB indicam que, a cada 28 horas, uma pessoa LGBTQIA+ é assassinada no Brasil, evidenciando a necessidade de monitoramento contínuo e respostas imediatas.
Resistência, Memória e Diversidade – Apesar do cenário desafiador, a comunidade LGBTQIA+ tem se mobilizado em prol da visibilidade, resistência e celebração cultural. O Grupo Gay da Bahia, pioneiro na defesa dos direitos LGBTQIA+ no país, tem encabeçado iniciativas transformadoras, como:
Exposição “Envelhecer sem Vergonha e com Orgulho” (8 a 30 de setembro): A iniciativa em Salvador homenageia histórias de vida de pessoas LGBTQIA+ idosas, promovendo a reflexão sobre memória, longevidade e orgulho em meio à discriminação.
Parada da Diversidade de Teresina 2025: O evento destacou a importância de espaços inclusivos, reforçando a luta por igualdade no Brasil diante de um histórico constante de violência.
Guia Ético-Equitativo, abraçado recentemente por órgãos federais, que visa melhorar a inclusão da população LGBTQIA+ nas estruturas sociais e governamentais.
Essas ações são uma resposta à violência persistente, criando um espaço para resistência e amplificação das vozes da comunidade LGBTQIA+.
O Papel das Políticas Públicas -Embora os movimentos sociais estejam à frente nas lutas pela inclusão e segurança, a falta de dados oficiais sobre violência contra LGBTQIA+ sublinha um apagamento preocupante. Organizações como o GGB continuam a cobrar respostas do governo em forma de monitoramento confiável, combate ao preconceito e garantias de segurança básica.
Além disso, a colaboração entre setores públicos e iniciativas da sociedade civil é vista como essencial para reduzir as estatísticas alarmantes.
Sobre o GGB – Fundado em 1980, o Grupo Gay da Bahia (GGB) é a organização mais antiga da América Latina voltada para a defesa dos direitos LGBTQIA+. Reconhecido por seu trabalho pioneiro em monitoramento de violência, advocacy e promoção de eventos culturais, o GGB segue sendo uma voz crucial para visibilidade e igualdade no Brasil.