29 de janeiro: Dia da Visibilidade Trans
Luiz Mott, decano.
29-1-2021
Todas as minorias e categorias sociais têm seu dia: 8 de março dia da mulher, 19 de abril dia do índio, 20 de novembro dia do negro, 28 de junho dia dos gays, 28 de abril dia da sogra.
29 de janeiro é o dia da visibilidade transexual. Na interminável sopa de letrinhas LGBTIAQ+, o “T” inclui travestis, transexuais femininas, trans homens, transgêneros, trans não binários, cross dresser, transformistas, etc. O Facebook reconhece 52 opções de identidades sexuais, ou melhor, identidades de gênero, o termo politicamente correto vetado pelo atual presidente na documentação oficial.
Para simplificar, usa-se o termo “trans” para incluir todas as criaturas que se identificam e vivenciam gênero oposto ao de sua genitália e reconhecido no registro de nascimento e por seus familiares. Na atual pós-modernidade, vagina e pênis já não definem quem vai ser menina ou menino: o que vale é a autoidentificação da criança ou adolescente. E aumenta dia a dia o número de transexuais no Brasil e no mundo inteiro. As estatísticas sobre tal população são raras e contraditórias: nos Estados Unidos estima-se que as\os transexuais representem de 0,005% a 0,1% da população, no Brasil, as ONGs trans avaliam 1,9%, dos habitantes (quase 2 milhões), o que considero um exagero, acrescentando que 90% das travestis vivem da prostituição, mais de uma centena são assassinadas todos os anos, sendo 35 anos a idade média quando vítimas de crimes transfóbicos.
Relatam os etnohistoriadores que o travestismo existiu desde priscas eras em praticamente todas as sociedades, tanto que a Bíblia previa o apedrejamento de homens ou mulheres que praticassem essa “abominação” (Deuteronômio, 22:5). Herdamos a transexualidade das três raças constitutivas de nossa nacionalidade: nossos primeiros cronistas relatam a presença de índios e índias trans em inumeráveis tribos, o mais célebre, venerado na comunidade LGBT como São Tibira do Maranhão, nossa primeira vítima da homotransfobia, executado pelos capuchinhos na boca de um canhão; em 1591 foi denunciado à Inquisição o quimbanda Francisco Manicongo, morador na Ladeira da Misericórdia de Salvador, que se recusava usar roupa de homem; jovens sodomitas portugueses foram degredados ao Nordeste devido à prática do homoerotismo e transexualidade.
Nos anos 80 a trans Roberta Close foi eleita “modelo de beleza da mulher brasileira”. Rogéria, atriz Global, se autointitulava “travesti da família brasileira”. Na Bahia, a popular Florípes, morta a murros na Baixa do Sapateiro, mereceu necrológio aqui mesmo nesse tradicional jornal, que anos depois, um secretário neto de contrabandista de escravos, proibiu qualquer notícia sobre “homossexualismo”.
Respeitemos as Trans!