Jardim dos Namorados
O Grupo Gay da Bahia vem denunciar violência sofrida por um grupo de 30 (trinta) gays, na última segunda-feira (11) na região conhecida como “paredão” Jardim dos Namorados, nesta capital. Destacamos que a área em questão é um local livre, tradicionalmente conhecido como espaço de paquera, encontros tanto que o nome já é revelador Jardim dos Namorados. As pessoas que ali estão mesmo que cometendo alguns movimentos mais quentes, não configuram atentado ao pudor, por estar localizado em uma região afastada dos olhares e circulação de mais pessoas, não configurando assim nenhum tipo de constrangimento aos transeuntes. Talvez, especialmente por esse isolamento, torne-os vulneráveis à ação dos bandidos.
Dois vagabundos sádicos, dizendo ser policiais militares, sem farda vêm agindo violentamente na região inclusive, portando arma de fogo, agredindo as pessoas com tapas no rosto e praticando todo tipo de violência conforme depoimento relatando uma situação que aconteceu com um grupo de em média 30 pessoas conforme relato dramático de uma pessoa que presenciou o fatídico acontecimento.
É direito do cidadão usufruir com segurança das áreas de lazer e circulação da cidade, usar livre sem por isso, ou por sua condição, orientação sexual, sofrerem constrangimento ou violência física praticadas por terceiros. Entretanto, essa situação em pauta, que sempre envolve violência e traumas, que não podemos conviver com isso, deve ser objeto de uma análise e de resposta da Superintendência de Proteção à Violência (SPREV).
Segue relato!
“Segunda-feira, dia 11/03/2024, por volta das 19:00h, dois indivíduos que se identificaram como policiais e os quais não estavam uniformizados, portanto, arma de fogo e com lâmpadas, invadiram o espaço LGBTQIA+, conhecido como praia do paredão do Jardim de Alah, xingando e agredindo as pessoas que ali estavam. Chegaram xingando e gritando para ninguém correr ou então morriam.
Ali estava eu, estavam jovens, idosos e até deficientes físicos a fim de fazermos amizades, conhecermos possíveis parceiros e mesmo namorarmos. Apavorados muitos de nós corremos para sobrevivermos, pois vimos os dois indivíduos agredirem um idoso brutalmente e outros não conseguiram fugir, pois como disse havia idosos, obesos e deficientes físicos.
Muitos que conseguiram escapar com medo se machucar nos espinhos e pedras. Os que ficaram foram humilhados e agredidos. Consegui escapar com vida, estou muito traumatizado.
A cena que vivemos foi terrivelmente homofóbica. Não sei se alguém que não conseguiu escapar na tentativa de sobreviver àqueles terríveis ataques homofóbicos foram relatados, pois já distante do ambiente ouvi relatos de disparos de arma de fogo.
Os que ficaram para trás certamente foram agredidos sem piedade, pois os indivíduos estavam muito raivosos. Creio que ninguém faria um B.O. já que todos nós preservamos nossa identidade e não queremos nos expormos para uma sociedade que ainda sofremos estigmas e preconceito, onde querem nos matar pelo simples fato de existirmos.
Choro muito com tudo o que aconteceu. Penso nas pessoas que nos conseguiram escapar, sofro com o sofrimento deles. Peço por tudo que é sagrado que me mantenha anônimo, não quero me identificar, preciso preservar minha identidade. Mas, foi muito triste o que aconteceu. Ninguém ali é criminoso para tratarem assim a gente.
Choro muito! Estou traumatizado. Tenho medo, medo de tudo. O local não é ataque ao pudor. Ninguém alí faz nada de errado. Decidi fazer essa denúncia anônima pois sei que ninguém teria coragem e desejo que se faça justiça, nos respeite e respeite o nosso espaço e nossa população LGBT.
Ali estavam perto de nós umas trinta pessoas (jovens, idosos, pessoas especiais usando muletas, entre outros), ninguém enfrentaria dois homofóbicos armados. Foi terrível. Estou traumatizado. Pelo amor de Deus, investiguem se houve óbito. Eram muito violentos. Tomem as devidas providências. Queremos viver em paz. Imploro justiça. E.S. S, professor, 39 anos.”