Por MARCELO CERQUEIRA https://www.instagram.com/marcelocerqueira.oficial/
O dia 28 de junho, conhecido mundialmente como Dia Internacional do Orgulho LGBT+, é uma data de grande importância para o movimento de direitos civis. Em 1969, jovens majoritariamente pretos e latinos se insurgiram contra as constantes batidas policiais que visavam humilhar e oprimir a comunidade LGBT+ em Nova York. Os alvos dessas operações eram frequentemente pessoas vestidas com roupas de gênero diferente, até mesmo íntimas. Esse grito de revolta ecoou no Stonewall Inn, localizado no bairro de Greenwich Village, Manhattan, e se tornou um marco fundamental na luta contemporânea por direitos iguais.
Antes daquela noite histórica, pessoas LGBT+ viviam escondidas, presas nos armários da sociedade. Após os eventos de Stonewall, a militância ganhou força e visibilidade, tomando as ruas com uma agenda política clara: cidadania, igualdade de direitos e o fim da opressão policial. A primeira Parada do Orgulho Gay aconteceu um ano depois, em 1970, sob o lema “Gay is Good” (Ser gay é bom). A partir desse ponto, o movimento se espalhou pela América Latina, com grupos de emancipação LGBT surgindo em vários países, como o Grupo Somos, fundado em São Paulo.
Em 1980, Luiz Mott, um paulistano mestre em Antropologia pela Sorbonne, fundou o Grupo Gay da Bahia (GGB). Mott, filho da renomada escritora brasileira Odete de Barros Mott, trocou uma promissora carreira acadêmica na Universidade de Campinas para lecionar Antropologia na Universidade Federal da Bahia, a convite da professora Consuelo Pondé de Sena. Com a coragem de um Pedro Bala, personagem de “Capitães da Areia”, e a missão de um Dom Quixote, Mott dedicou sua vida à luta contra a homofobia. Seu trabalho como etno-historiador resgatou a memória de LGBT+ esquecidos pela história, como Chica Manicongo, Tibira do Maranhão e Felipa de Souza.
O GGB trouxe a chama de Stonewall para o Brasil, organizando as primeiras comemorações do Dia do Orgulho LGBT+ no formato de uma mareata. A marcha começava no Mercado Modelo e contornava o Forte de São Marcelo, uma homenagem dupla ao Governador Diogo Botelho, denunciado à Inquisição por sodomia, e aos heróis do levante de Stonewall, garantindo que suas memórias nunca fossem esquecidas.
A luta que começou em uma madrugada de junho em Nova York continua viva nos corações de todos que se dedicam à causa LGBT+. O Dia do Orgulho é um lembrete de que a busca por liberdade, igualdade e respeito é uma jornada constante, mas cheia de vitórias e de conquistas que transformam a sociedade. Que a chama do orgulho nunca se apague. https://www.instagram.com/marcelocerqueira.oficial/
*Marcelo Cerqueira é Coordenador Municipal da Política LGBT e Grupo Gay da Bahia