Salvador, Bahia, quarta-feira,3 de outubro de 2018, ás 21h00/ GGB
“O beijo” Rua Senador Costa Pinto, Bar Âncora.
Batizada de “Só Amor” a exposição de arte urbana do artista baiano Luiz Antônio Senna Jr, acabou despertando o ódio de vândalos homofóbicos que destruíram todas as peças produzidas pelo artista, supostamente na tarde de terça-feira no centro da cidade, um dia após exposição ter sido inaugurada.
De acordo com o artista a exposição que usa técnica de fotografia lambe lambe impressa em papel alvura monocromado possui três quatros com doze imagens todas usam motivos homoafetivos mostrando casais LGBT em momentos de carinhos e afeto revelados no abraço, o beijo e as mão dadas. O trabalho tem finalidade estimular a utilização dos espaços públicos de identidade e diversidade nas grandes cidades, ao exemplo de Salvador.
As imagens foram reproduzidas nos tamanhos que variam de 1,90X0,95cm até 4,0X6,0mt e foram coladas em muros distribuídos pelas Ruas Chile, Carlos Gomes e Senador Costa Pinto, uma obra de 3,0X3,0mt intitulada “O beijo”, foi fixada em um muro ao lado do Bar Âncora do Marujo, Senador Costa Pinto, esta foi uma das obras destruída, pela altura o vândalo teve de se esforçar para dilacerar a parte do beijo, o que revela uma ação odiosa.
O artista identificou que o vandalismo se deu justamente em pontos afetivos das obras, que são os temas do trabalho, beijo, abraço e mãos dadas. “Não tenho dúvida que isso foi uma ação de homofobia, revelada, especialmente pelos pontos atingidos, essas imagens que são limpas, não possuem cunho erótico, acabaram despertando essa raiva contra nós e nossa arte urbana”, revelou Luiz Antônio Senna Jr, indignado com a destruição de suas peças, ainda, por seu auto retrato ter sido assinado pelo vândalo com a expressão “Só bala”. O artista adiantou que vai registrar Boletim de Ocorrência Policial e ainda vai apresentar Denúncia ao Ministério Público da Bahia/GEDEM/LGBT para que providências sejam tomadas em relação ao crime homofóbico.
O presidente do GGB Marcelo Cerqueira acredita que a expressão “Só bala” é muito preocupante. “Isso não é um recado somente para o artista, mas para toda a comunidade LGBT de Salvador e da Bahia. A LGBTfobia ao que parece está virando a norma na perseguição aos artistas e as artes LGBTs, precisamos sair do discurso das redes sociais e ocupar os territórios de identidades nas cidades”, disse Marcelo Cerqueira, informando que o simples ato de um casal LGBT andar de mãos dadas não deve ser motivo de nenhum constrangimento para ninguém.
As peças destruídas fazem parte de um projeto que reúne, artes plásticas, música e teatro em espaços de circulação de pessoas na cidade. O projeto foi vencedor do edital “Arte Todo Dia” da Fundação Gregório de Matos da Prefeitura do Salvador.
Luiz Antônio Senna Jr, “Só a raiva contra as artes LGBT justifica esse absurdo”.
Confira as imagens danificadas.