O Grupo Gay da Bahia acredita que se estivéssemos no século 19, Silas Malafaia certamente estaria do lado opressor, alinhado com os interesses coloniais portugueses, e não ao lado do povo que lutou bravamente pela independência da Bahia e do Brasil. É incoerente e vergonhoso que a Assembleia Legislativa da Bahia tenha concedido a Medalha 2 de Julho ao pastor Silas Malafaia, uma figura que se orgulha publicamente de sua homofobia.
Nos perguntamos em que mundo vivem os deputados baianos que aprovaram essa aberração. Será que eles compartilham dos mesmos valores distorcidos de Malafaia? A letra do Hino ao 2 de julho afirma com clareza: “que com tiranos não combinam brasileiros corações”, no entanto, essa honraria tão importante, que celebra o movimento popular baiano que expulsou o colonizador português, foi desrespeitada por essa condecoração.
A proposta, feita pelo Deputado Samuel Jr. (Republicanos), é um atentado à história e à honra da Bahia. O mais escandaloso é a justificativa apresentada, exaltando os “relevantes serviços prestados à sociedade” por alguém que defende a heteronormatividade de maneira preconceituosa, mascarando a verdadeira natureza das ações de Malafaia. Ele é condecorado pela sua homofobia, em um país onde a homofobia é crime.
É inadmissível que, em uma Assembleia Legislativa de um estado tão plural e diverso como a Bahia, apenas dois deputados estaduais – Hilton Coelho (PSOL) e Fabiola Mansur (PSB) – tenham se posicionado contra essa farsa. Além disso, é fundamental destacar que Malafaia não apenas professa uma ideologia de ódio, mas tem utilizado sua influência para incitar a população contra as instituições democráticas, como ficou evidente nos atentados de 8 de janeiro. Malafaia tem sido um dos principais articuladores da narrativa que deslegitima a democracia, estimulando o desrespeito à Justiça, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, elementos essenciais para a manutenção da ordem constitucional.
Ao manipular a fé e promover o ódio, Malafaia ataca a diversidade e os valores democráticos que sustentam nosso país, tentando impor uma agenda autoritária que fere os direitos fundamentais garantidos pela Constituição. Condecorá-lo é desprezar a luta por igualdade, liberdade e respeito às diferenças.
O Grupo Gay da Bahia, em defesa dos direitos humanos e da dignidade de todas as pessoas, repudia veementemente essa decisão e exige respeito à história da Bahia e à luta da população LGBT+.
Salvador, 19 de setembro de 2024
Grupo Gay da Bahia (GGB)