Salvador, Bahia, quarta-feira, 10 de outubro de 2018, ás 09h00 – Do GGB
Está circulando nas redes sociais um vídeo com três adolescentes negros reproduzindo conteúdo LGBTfóbico, claramente estimulados pelas idéias preconceituosas do candidato Bolsonaro, já que citam o nome do candidato a presidente do Brasil. O deboche dos adolescentes é preocupante e revelador de extremo preconceito, o que não ajuda na consolidação dos direitos humanos e da democracia no país.
O vídeo intitulado “Corra você que é viado” , no estilo hip hop, gravado na laje de uma casa de periferia, diz num dos trechos: “Bolsonaro tá chegando, vou lançar mais um recado, corra você que é viado” e na sequência um outro adolescente corre como se fosse “viado” ensaiando alguns passos de dança. As ofensas não param por aí: “ Bolsonaro tá chegando, vou lançar mais uma onda. Corra você sapatona, corra você sapatona”, o mesmo adolescente segue correndo como se fosse uma “sapatona”.
O Grupo Gay da Bahia (GGB) lança um alerta aos LGBT denunciando que tal vídeo faz parte de uma série de recentes manifestações LGBTfóbicas que agridem nosso segmento , seja fisicamente, seja espalhando o pânico e ódio contra nossa população, daí a necessidade urgente de nos prevenir e respondermos coletivamente contra tais ameaças. Estima-se que a comuidade LGBT representa cerca de 10% da população brasileira, mais 20 milhões de sub-cidadãos que têm servido como bode expiatório e moeda de troca por políticos irresponsáveis. Muitas travestis, lésbicas e gays que já foram alvo ou presenciaram tais ameaças ou agressões estão sofrendo de verdadeira síndrome do pânico, daí a urgência de conversarem e abrir negociação com os seus familiares para que unidos evitem se tornar a próxima vítima.
Segundo Marcelo Cerqueira, “após 38 anos de ativismo do GGB, fundado por Luiz Mott em 1980, nos deparamos face a essa situação atual extremamente tensa e preocupante, sofrendo esse crescente desrespeito aterrorizante e destrutivo, que destrói os laços de amizade nas comunidades e quebra o “contrato social” que deve nortear as normas de convivência.”
Ainda de acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), o vídeo é preocupante especialmente em relação a má influência na (de)formação dos adolescentes. Existem duas hipóteses sobre a raiz dessa intolerância aos “viados e sapatonas”: ou tais jovens estariam o reproduzindo o que ouviram nas ruas ou nas mensagens preconceituosas de políticos ostensivamente homofóbicos, ou pior ainda, teriam eles próprios desenvolvido discurso tão anti-social, e divulgando nas redes sociais estimulados pela cultura do ódio contra os LGBT, significando que já foram gravemente contaminados pelo LGBTfobia cultural .
“Corra viado, corra sapatona” dá entender que se o LGBT ficar na presença do citado candidato, o mesmo que disse “prefiro meu filho morto do que gay”, corre-se risco de ser espancado ou perder a vida.
Os adolescente usam os termos xulos “viado e sapatona”sem nenhum constrangimento, expressões considerados estigmatizantes pelos LGBTs. O GGB respeitando o Estatuto da Criança e do Adolescente colocou tarja no rosto dos adolescentes preservando a imagem dos dois que aparecem no vídeo. Não existe no vídeo a possibilidade de poder identificar o local onde ocorreu a gravação, mas é em cima de uma laje de uma residência familiar, em algum lugar do Brasil. Curioso eles fazerem essa analogia com o candidato do (PSL).
Assista o vídeo.
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