Salvador, Bahia, 17 de outubro de 2016 – Do GGB – Segue estável e em observação o quadro de saúde da transexual Natila Mota, 21 anos, internada no Hospital Cristo Redentor na cidade de Itapetinga, sudoeste da Bahia, após sofrer um atentado na madrugada de domingo (16/10/16) na cidade de Maiquinique, que fica a 80km de Itapetinga. As facadas perfuraram pulmão e o baço, apesar dos graves ferimentos a situação é estável e parece que sobreviverá, podendo receber alta na próxima sexta-feira. O companheiro de prenome “amor” não sofreu ferimentos graves, apesar do susto passa bem. Marcelo Cerqueira, presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), apurou com lideranças locais, que se trata de uma violência transfóbica, “ódio as transexuais e travestis”.
Marcelo Cerqueira ouviu o ativista Luciano de Maria, diretor do Movimento LGBT de Itapetinga, que realmente a motivação do crime foi (trans)homofobia, não apenas dos agressores, como também dos profissionais de saúde que não impediram que a violência cessasse dentro da instituição, incluindo omissão de socorro com a vítima sangrando e caída pelos corredores do hospital. O ativista afirma que: “ Ela é uma pessoa calma, de boa aparência, e vive com um companheiro há alguns anos ”. “ E mais, que “nada justifica essa violência a não ser a LGBTfobia”, declarou Luciano sugerindo ainda que a vítima não conhecia os agressores. Covardia.
A vítima relatou que quando caminhava pela rua com seu namorado em direção a casa da mãe foi discriminada por um casal heterossexual, que insultou o casal com agressão verbal contra a transexual, a qual revidou com palavras aquele casal e seguiram o destino, que fica nas imediações. Por volta das 3h da manhã, quando Natila e seu companheiro voltava para casa foram surpreendidos por grupo, formado pelo casal e mais duas outras mulheres, que começaram a espancar. A transexual foi perfurada por sete golpes de faca dadas por Luciano Ferraz, acompanhado de sua namorada Geane e por essas duas mulheres que já foram identificadas.
Natila foi socorrida por seu companheiro, que a levou ao Hospital Municipal de Maiquinique, localizado na Rua Artur Guimarães, no centro. De acordo com um vídeo publicado nas redes sociais, a sessão de pancadaria continuou lá dentro da unidade de saúde que é mantida pela prefeitura. O vídeo gravado por um aparelho de celular mostra a omissão de socorro dos profissionais de saúde e até mesmo “cumplicidade” com a violência sofrida no interior da instituição mantida com recursos públicos.
O caso está sendo conduzido pelo delegado de Polícia Civil Dr. Irineu Andrade titular de Macarani que já expediu o mandado de prisão preventiva dos agressores que devem responder por tentativa de homicídio. O GGB defende que também a unidade de saúde deva ser acusada e responsabilizada, assim declarou o presidente do Grupo, Marcelo Cerqueira: “ É preciso investigar os profissionais de saúde e de segurança deste hospital que permitiram que a violência física continuasse dentro do hospital, as imagens do vídeo parecem que houve também omissão de socorro à vítima. E mais, como pode isso ocorrer no interior de um hospital público. O que aconteceu em Maiquique é crime gravíssimo e que não pode ficar sem punição aos responsáveis”, alerta Cerqueira. O GGB constata mais uma vez um crime (trans)homofóbico, contra pessoas que possuem sexualidade não hegemônica.
O casal insultou a trans e o seu companheiro que se apesentaram na mesma condição do casal hetero, entretanto estes motivados por um sentimento de ódio, aversão e de discriminação contra a transexual. A beleza física da jovem trans, a normalidade como é tratada pelo seu companheiro, a roupa, o cabelo, a feminilidade, tudo isso pode ter gerado uma sensação de inveja associada a um ódio destrutivo contra às novas famílias e a expressão pública dos afetos, isso mexe com o recalque e perturba algumas mentes chegando à manifestação da violência verbal e física e da intolerância.
O GGB que monitora os crimes com motivação LGBTfobia constata que esse ataque é mais uma manifestação da homofobia, o que tem sido constante e recorrente na Bahia. Há cerca de sete meses passados Bruna Menezes, 23 anos, foi vítima de transfobia no bairro de Pernambués em Salvador. Ela circulava até o centro do bairro acompanhada de seu companheiro e sua mãe quando foram surpreendidos por dois homens e uma mulher portando arma e fogo e pedaços de madeira. Bruna ficou lesionada e o seu companheiro foi alvejado por um tiro na região da virilha, sendo submetido a inúmeras cirurgias para que não ficasse com sequelas. A violência contra mulheres transexuais foi tema da 15ª Parada do Orgulho LGBT da Bahia realizada pelo GGB em 11 de setembro deste ano.
O GGB na condição de um grupo de militância gay com identidade masculina, se posiciona -se ao lado das mulheres transexuais, travestis na defesa dessas novas identidades, arranjos familiares que buscam espaço social e de palavras junto a sociedade em geral. As pessoas devem entender que não existe apenas um tipo de família no mundo contemporâneo e este tipo de núcleo deve ser respeitado porque não existem apenas uma maneira de ser mulher e homem.
Confira vídeo gravado por celular dentro do hospital municipal de Maiquinique.
Uma resposta
nada justifica uma violência dessa cada um tem sua vida e deve fazer dela o que quiser ai sim é homofobia e devem ser punidos os autores com todo o rigor da lei.