Foto: GGB imagem.
Marcelo Cerqueira*
Uma Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria transversal com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, de 2019, sobre orientação sexual, lançada sexta-feira, 25/5, apontou que
Salvador é a capital país com menor número número de LGBT+, sendo 1,5%, em números 35 mil pessoas. E como a gente fala aqui na terra de Daniela Mercury: “Aonde” esses dados representam a realidade dessa terra brejeira, de gente bonita?
Como Jack, o Estripador, vamos por partes. O Ministério da Saúde não é o IBGE, e a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) não é o Censo Demográfico, mesmo que sejam semelhantes em aspectos.
A APNS coleta dados relativos às condições de saúde da população, tendo como questão principal o acesso, e também, quanto ao uso dos serviços de saúde, questões como o cuidado.
Talvez sim, ou não, esses dados analisados possam revelar uma fotografia, especialmente de quem usa ou não, o sistema de saúde, considerando a população a partir de 18 anos, e mesmo que a intenção do MS sela louvável, a reposta pode ser muito fluida.
O Censo Demográfico, realizado pelo IBGE, é muito diferente. Representa a contagem dos habitantes, procura identificar suas características e particularidades, para com isso, servir para orientar políticas públicas.
Há muito tempo que o movimento social LGBT pede ao IBGE que insira perguntas sobre as variáveis de orientação sexual e identidade de gênero para assim, poder ter uma fotografia da população LGBT do Brasil.
Talvez seja possível que as respostas não sejam sinceras, por isso o IBGE deve fazer constar, no Censo Dográfico esses dias, variáveis, bem como fazer campanha nacional, explicando e encorajando a resposta verdadeira. A LGBTfobia estrutural e familiar ainda é muito expressiva na sociedade ainda hoje.
A população LGBT de Salvador é muito maior do que isso. Salvador é conhecida como a terra da felicidade, destino de turistas LGBT do mundo inteiro, proporciona o melhor Carnaval inclusivo do Brasil, tem uma política pública especial para a inclusão desta população.
É a cidade da primeira travesti, Chica Manicongo, e da lésbica Felipa de Souza, denunciadas a Inquisição Portuguesa, de acordo com estudos do professor Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia. Ainda conforme Mott, foi Diogo Botelho, o primeiro governador gay da Bahia.
A cidade possui a maior Parada do Orgulho LGBT da região, e ainda mais de 30 Paradas de bairros. Um fenômeno nacional. Oxe! Salvador é gay, que eu sei!
Marcelo Cerqueira é professor, ativista LGBT, Diretor do GGB